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Alunas de São Caetano participam do Campeonato Mundial Technovation Girls


Nove em cada dez meninas entre 6 e 8 anos ainda acreditam que “Engenharia é coisa de menino”, segundo uma pesquisa realizada em 2018 pela Unesco em São Paulo, Buenos Aires e Cidade do México.

Não por acaso, as mulheres ocupam apenas 25% dos empregos de TI no país, segundo levantamento divulgado em abril do ano passado pelo Microsoft. Mas já existem iniciativas que buscam mudar esse cenário.

Cerca de 120 alunas do Ensino Fundamental e Médio da rede municipal de ensino de São Caetano do Sul estão participando do Technovation, a maior competição de tecnologia do mundo destinada exclusivamente a meninas.

No último final de semana (dias 29/2 e 1/3) elas participaram de mais um encontro de mentoria da competição no Cecape, Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação Dra. Zilda Arns.

“O Technovation é um programa da ONG norte-americana Iridescent, que tem como objetivo incentivar meninas a ingressaram na área de tecnologia”, destaca a professora Léia Bastos, coordenadora pedagógica do Centro de Pesquisa, Formação e Inclusão Digital e Escola Municipal de Informática.

Ela explica que o propósito da competição Technovation é que meninas do mundo todo tenham a oportunidade de aprender e aplicar as habilidades necessárias para resolver problemas do mundo real através da tecnologia. Assim, os aplicativos desenvolvidos devem ter algum propósito social.

Na edição de 2019, a equipe vencedora da categoria Sênior, de meninas da Albânia, desenvolveu um aplicativo para dar suporte psicológico, jurídico e social a mulheres vítimas de violência. Na categoria Júnior, venceu uma equipe da Índia, que desenvolveu um aplicativo para dar continuidade a projetos de serviço social desenvolvido por estagiários.

OPORTUNIDADE DE OURO
Em São Caetano formaram-se 23 equipes de oito escolas de Ensino Fundamental e Médio, distribuídas em duas categorias: a Júnior, de 10 a 14 anos; e a Sênior, de 15 a 18.

O início oficial da temporada 2020 foi no dia 14 de janeiro, mas, desde o ano passado a Secretaria de Educação tem se preparado para participar da competição, convidando alunas e organizando as equipes.

Cada equipe conta com uma professora que atua como mentora na execução das tarefas propostas pela competição. “As mentoras são professoras voluntárias, que não necessitam ter conhecimentos prévios de informática, pois o objetivo do programa é difundir conhecimentos de tecnologia a leigos”, explica a professora Léia.

Roberta Machado Freire, professora de Português da rede municipal de ensino, é uma dessas mentoras. “Quando recebi o convite, fiquei um pouco preocupada, pois, apesar de empregar bastante tecnologia em minhas aulas – pesquisando na Internet e utilizando áudios e vídeos – eu não sabia nada de programação. Mas li a proposta da competição e vi que ela era destinada a leigos. E me apaixonei pelo projeto”, diz a professora.

As estudantes Samara Calvelo, de 13 anos, e Júlia Costa, 14, colegas do 9º ano da EMEF Bartolomeu Bueno da Silva compõem uma das equipes. Para Samara tem sido uma experiência nova: “Sempre gostei de tecnologia e adoro games, mas ainda não havia feito nenhum curso de tecnologia e adorei a ideia de criar um aplicativo”, conta. Já para a colega Júlia o Technovation é a possibilidade de adquirir mais conhecimentos na área em que pretende atuar no futuro. “Fiz Robótica e Programação na minha escola (no contraturno das aulas) e penso em estudar Engenharia. Achei legal a ideia da competição, porque ainda existe muito preconceito com meninas que trabalham com tecnologia. Na competição, a maioria das meninas está começando do zero, essa é uma oportunidade de ouro!”

Para Nathalia Gaviolli, bacharel em Segurança da Informação pela Fatec, Faculdade de Tecnologia de São Paulo, foi justamente essa oportunidade que lhe rendeu o primeiro emprego. Quando estava no Ensino Médio, Nathalia participou de uma das duas primeiras equipes de São Caetano a disputar a competição, em 2015. “Além do conhecimento adquirido, o Technovation me abriu portas”, lembra. Ela conta que, em uma das apresentações da competição, recebeu um convite para trabalhar como estagiária em uma grande empresa de informática, onde acabaria se efetivando. “Participar do Technovation foi a melhor experiência da minha vida”, afirma.

A próxima etapa da competição acontecerá no próximo dia 28 de março, quando as meninas farão, no Cecape, um treino para a apresentação oficial do projeto de aplicativo com o qual concorrerão na etapa nacional. Dez equipes finalistas (5 de cada categoria) serão selecionadas para disputar a final nos Estados Unidos, no MIT (Massachusetts Institute of Technology). A equipe vencedora de cada categoria receberá um prêmio de 3 mil dólares.


– Fonte, foto e texto: PMSCS